“Chegamos assim à ideia da auto-regulação, como uma acção dinâmica, temporal, intencional, planeada e complexa:

Dinâmica, porque a relação entre as diferentes fases da auto-regulação pode processar-se em diferentes direcções: a auto-avaliação pode suscitar novas execuções, assim como pode fazer alterar o plano anteriormente traçado. Ou seja, em cada momento deste processo, qualquer alteração pessoal, situacional ou social, pode servir para introduzir alterações adaptativas, reactivas ou pró-activas, de forma a reconduzir a acção para os objectivos desejados.

Temporal, porque desenrola-se durante um determinado período de tempo. A auto-regulação impõe uma sequência de acções, com possíveis avanços e retrocessos na trajectória projectada. Este tempo pode ser mais longo ou mais curto de acordo com a característica dos resultados desejados. Estes podem ser próximos, como estudar para um exame; ou podem exigir uma trajectória mais longa, como por exemplo tirar um curso superior. Podem também divergir, de acordo com a característica da meta desejada, mais concreta, (ex. obter a carta de condução), ou mais abstracta, (ex. ser bom aluno). Em ambos os casos, os processos de auto-regulação exigidos são diferentes até porque os desafios inerentes ao cumprimento destas metas são temporalmente diferentes.

Intencional, porque é a formulação de uma meta que propõe a construção de uma nova adaptação, que obriga a um planeamento estratégico da acção, e que, quando atingida, provoca sentimentos de satisfação e de valorização pessoal. A mobilização da acção apela a cognições, volições, emoções e motivações que orientam cada um dos actos praticados, que os conjuga e os hierarquiza na direcção do alvo desejado.

Planeada, porque para dirigir uma acção, não basta saber aonde se quer chegar, qual a meta que se pretende atingir, é necessário saber como se pode atingir o alvo desejado, como se podem conjugar interesses, competências, estratégias, motivações e recursos materiais e sociais para que se obtenha com êxito o objectivo desejado.

Complexa, porque está dependente de aspirações e intenções, de competências e estratégias, de valores e resultados, dos contextos e das pressões sociais, cujos efeitos são resultado da interacção de diferentes variáveis. Assim, o efeito de um preditor pode depender do nível de um outra variável. Uma consequência negativa resultante de um determinado comportamento pode levar ao abandono da acção projectada, como pode ser um estímulo a um maior empenhamento. Tal pode depender do nível de auto-estima da pessoa (se baixo, pode levar a sentimentos de desânimo) ou da importância, valor ou utilidade da meta que se deseja alcançar (se alta, pode incentivar a um renovado esforço na perseguição da meta desejada). Por isso, o exercício da auto-regulação raramente é linear.

Para que estas dimensões se tornem claras e mereçam o consenso dos que trabalham nesta área, torna-se necessário continuar a desenvolver teorias e investigações, centrados na acção auto-reguladora como um todo, em que o indivíduo e o meio sejam focados nas suas diversas conjugações.” (Lopes da Silva, A.; Duarte, A.; Sá, I., & Veiga Simão, A. M. A aprendizagem auto-regulada pelo estudante: perspectivas psicológicas e educacionais.(pp. 28-29). Porto: Porto Editora).

“We came to the idea of self-regulation as a dynamic, temporal, intentional, planned and complex action:

Dynamic because the relation between different phases of self-regulation can occur in different directions: self-evaluation can provoke new executions, as well as alter a pre-established plan. In other words, in each moment of this process, any personal, situational or social alteration can serve to introduce adaptive reactive or proactive alterations so as to re-guide the action towards the desired objectives.

Temporal because it occurs throughout a determined period of time. Self-regulation imposes a sequence of actions, with possible advances and drawbacks in the projected trajectory. This period of time can be longer or shorter in accordance with the characteristics of the desired results. These results can be proximal, such as studying for an exam; or they could demand a longer trajectory, such as taking a higher education degree. They can also diverge in accordance with characteristics of the desired objective, that is, in a more concrete manner (e.g. acquiring a driver’s license) or in a more abstract way (e.g. being a good student).In both cases, the required self-regulation processes are different because the inherent challenges to reaching objectives are temporally different.

Intentional because it’s formulated of the objective, which determines the construction of a new adaptation, which in turn requires a strategic plan of action. When accomplished, the action of reaching objectives provokes feelings of satisfaction and personal valorization. The mobilization of the action asks for cognitions, volitions, emotions and motivations which guide, conjugate, and put each of the actions done into a hierarchy so as to achieve the desired result.

Planned because in order to direct an action, not only is it necessary to know what the objectives are, but also to know how to reach those objectives, how to conjugate interests, competencies, strategies, motivations and material and social resources.

Complex because it is dependent on aspirations and intentions, on competencies and strategies, on values and results, and on contexts and social pressures which will affect the interaction of different variables. In this sense, the effect of the predictor can depend on the level of the other variable. A negative consequence resulting from a specific type of behavior can lead to the abandonment of the projected action, as well as be a stimulus for further effort in the task at hand. This may be dependent on the level of self-esteem (if low, can lead to a lack of encouragement) or on the importance, value or utility of the result the student wants to reach (if high, can be an incentive for more effort in reaching the stipulated objectives). Accordingly, the self-regulation process is rarely linear.

In order for these dimensions to become clear and be of a consensus to peers working in the field, it is necessary to continue to develop theories and research centered on the self-regulative action as a whole, in which the individual and the environment are focused on diverse conjugations. (Lopes da Silva, A.; Duarte, A.; Sá, I., & Veiga Simão, A. M. A aprendizagem auto-regulada pelo estudante: perspectivas psicológicas e educacionais [Self-regulated learning by the student: psychological and educational perspectives].(pp. 28-29). Porto: Porto Editora).

Deixe um comentário